RETALHO ROTACIONAL SUBDÉRMICO DA COMISSURA LABIAL PARA A RECONSTRUÇÃO DE PÁLPEBRA SUPERIOR EM FELINO COM AGENESIA PALPEBRAL: RELATO DE CASO

  • Autor
  • ÁTILA SOUZA ROCHA FREIRE DE SANTANA
  • Resumo
  • A agenesia palpebral é uma anomalia congênita rara em felinos, caracterizada pela ausência parcial ou total da margem palpebral, geralmente acometendo o terço lateral da pálpebra superior, de forma unilateral ou bilateral. Tal condição compromete a proteção ocular, predispondo a córnea à exposição crônica, triquíase, ceratites ulcerativas e, em estágios avançados, à perda visual irreversível. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de um felino, macho, sem raça definida, seis meses de idade, atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias Prof. Lauro Ribas Zimmer (HCV-CAV/UDESC), diagnosticado com agenesia palpebral superior esquerda extensa e proptose traumática do olho direito. Durante o exame físico geral, o paciente apresentava-se alerta, responsivo, com frequência respiratória de 20 movimentos por minuto, frequência cardíaca de 220 bpm, temperatura retal de 38,8°C, TPC de 2 segundos, mucosas normocoradas, linfonodos periféricos sem alterações, hidratação adequada e escore corporal de 5/9. Ao exame oftálmico com magnificação óptica, observou-se, no olho esquerdo, agenesia palpebral acometendo cerca de 65% da margem superior lateral, com triquíase, ceratite crônica, blefaroespasmo e úlcera estromal confirmada por teste da fluoresceína positivo. No olho direito, havia proptose traumática com lagoftalmia, hemorragia intraocular, ruptura de músculos extraoculares, necrose e prolapso de estruturas intraoculares, configurando quadro irreversível e ausência de resposta pupilar, com prognóstico visual desfavorável. A conduta terapêutica incluiu a enucleação do olho direito e reconstrução da pálpebra esquerda com retalho rotacional subdérmico da comissura labial, técnica baseada nos princípios da cirurgia reconstrutiva, que valoriza o uso de tecido autólogo adjacente. O retalho mucocutâneo não piloso foi confeccionado a partir da comissura labial ipsilateral, rotacionado em 50° e suturado à margem palpebral com pontos simples interrompidos náilon 6-0, sendo o local doador suturado preservando a integridade labial. O pós-operatório incluiu analgesia multimodal, antibiótico profilático, uso de colar elizabetano e limpeza local. Houve boa integração do enxerto, sem complicações inflamatórias ou infecciosas, com restauração funcional e estética satisfatória da pálpebra superior reconstruída. Conclui-se que o uso do retalho da comissura labial é uma alternativa viável, segura e eficaz na correção de defeitos palpebrais extensos em felinos, principalmente por empregar tecido não piloso, promover boa proteção corneana e evitar enxertos sintéticos ou técnicas mais invasivas. Este relato reforça a aplicabilidade clínica da técnica e contribui para o aprimoramento das abordagens reconstrutivas na oftalmologia veterinária, especialmente em casos complexos associados a múltiplas alterações oculares.

  • Palavras-chave
  • Agenesia; blefaroplastia; oftalmologia veterinária; pálpebra; retalho.
  • Área Temática
  • Pequenos Animais
Voltar
  • Pequenos Animais
  • Grandes Animais
  • Anatomia Veterinária
  • Silvestres